Meu nome é Cristiane S.
Duarte, tenho 33 anos e vou contar um pouco da minha trajetória no
mundo encantador do conhecimento. Em especial a educação infantil,
por ser a fase onde ocorreu o primeiro contato com o letramento.
Antes de contar as minhas peripécias na educação Infantil, cabe
relembrar alguns fotos que creio que são relevantes para este
memorial. Ao nascer tinha a língua presa o que causou um atraso no
desenvolvimento da fala, fiz a correção por volta dos três anos,
foi um procedimento simples e rápido. Vygotsky, explica que a
criança tem como primeira necessidade comunicar-se, e eu conseguia
me comunicar, no entanto, as palavras não eram pronunciadas
corretamente, portanto, não compreendidas por meus familiares.
Recordo ainda, que
quando não frequentava a escola, mamãe saiu para levar minha irmã
à escola e pediu para eu ficar em casa e anotar a receita que
daria no rádio, mal sabia algumas sílabas mais anotei toda a
receita, passei um bom tempo com o papel nas mãos decorando
ingredientes por ingrediente só pra dizer que já sabia ler e
escrever. Hoje, frequentando faculdade de Pedagogia estudando vários
autores dentre eles Emília Ferreiro, entendo
que existem vários níveis de alfabetização – pré silábico,
silábico e alfabético, e nesta época eu já estava pré-silábico.
Eu escrevia as letras X, C e R
e pesava ter escrito a palavra
xícara, o mesmo fazia
com a palavra FUBÁ
– F,B e
os demais ingredientes.
Recordo-me
que nesta fase em que não frequentava o jardim da infância, minha
diversão já era a escrita e os desenhos. Eu desenhava e escrevia em
todos os papéis, inclusive nas capas dos discos de vinil que minha
mãe cuidadosamente guardava na estante. Nessa época tinha por volta
dos cinco anos de idade. De acordo com o livro – Educação
Infantil pra que te quero,
as autoras Carmem Maria Craidy e Gládis Elise P. Da
Silva Kaercher, é durante a educação infantil e que: “A
criança começa a aprender em quais as superfícies
ou objetos pode fazer as suas marcas.(p. 110)” Hoje
compreendo que a educação infantil é uma das fases mais
importantes da trajetória escolar.
Esta é a única foto
que tenho como recordação da primeira escola na qual frequentei o
pré-escolar. Desta época, restarão pouquíssimas recordações
materiais como fotos e cadernos, foram tempos em que tirar
fotografias era algo muito caro e minha família não tinha muitos
recursos.
Não tive a oportunidade
de fazer o Jardim da Infância, mas ao chegar na Escola Monteiro
Lobato, já conhecia todo o alfabeto e conseguia ler pequenas
palavras. A autora Magda
Soares em
Linguagem e escola-
Uma perspectiva
social,
relata que é importante a escola valorizar todo o conhecimento
prévio da criança, no entanto não consigo ter lembranças desses
momentos de valorização.
A
escola Monteiro Lobato era uma escola particular, hoje é o atual
Colégio Loide Martha que fica localizado na rua Expedicionário José
Amaro, nº 104, Vila São Luis, Duque de Caxias/ RJ. Minha primeira
professora chamava-se Neudair, tive contato com ela durante muito
tempo, pois, mesmo quando me mudei do bairro, ela continuou à
acompanhar a minha trajetória escolar porque também lecionava ali
perto.
Na ocasião em que
tiquei está foto, usava um vestido caipira feito por minha
mãe, eu tinha seis anos
e estava ansiosa para dançar na primeira festa junina. Acabei não
dançando, porque mamãe tinha que fazer maçãs do amor para a
festa, então, nos atrasamos e fiquei muito chateada.
...Bons tempos em que a
única preocupação era saber a diferença entre as letras “d” e
a letra “b”. Para onde mesmo faço a barriguinha, enquanto o B
maiúsculo tem duas barriguinhas.
Gostava de brincar de
escolinha e ser a professora, o problema era que a professora só
sabia o A – E – I – O -U e os aluninhos reclamavam.
Ainda morava na Rua
Itabira quando meus pais compraram um terreno no Bairro Jardim
Gramacho, e ao passar para então Primeira Série Primária fui
estudar na Escola Estadual Lara Villela.
Acordava as seis da manhã, tomava café com Rosquinhas, mamãe fazia um rabo de cavalo bem apertado, calçava as meias e a Melicinha e só então tomava o ônibus para a escola. A minha casa estava sendo construída, minha mãe aguardava a hora da saída na construção sentada em uma taboa. O primeiro dia de aula da escola onde passei oito anos da minha vida escolar, foi muito agradável, tudo era novidade... até o refeitório onde fiz o primeiro lanche, pois acreditei que era obrigatório o fazer. Lá tive a honra de estar durante dois anos com a professora Rosa, muito paciente e carinhosa. Nesse tempo, ainda usava a famosa cartilha com as famílias silábicas, na segunda série já não estudava com cartilhas, a professora passava a lição no quadro de giz e eu copiava.
Na terceira série primária, aprendi
muito com a professora Nilcenéia. Um fato marcante, porque foi a
primeira vez que estudei no turno da tarde. Certa vez, a Tia
Nilcenéia me perguntou porque minhas pernas tinham tantas manchas,
hoje entendo que ela estava preocupada com maus tratos, mais
esclareci que eu tinha muita alergia a suor era a causa das bolinhas
e manchas.
Durante a quarta série tive três
professoras, tia Vânia que ensinava Português e Ciências e a
professora Elenita com ela aprendia Matemática e História, e ainda
tinha a professora Eni de Religião. Lembro que a diretora explicou
que a turma teria três professoras para que pudéssemos nos
preparar para a quinta série, quando teríamos que nos acostumar com
vários professores e várias matérias.
… E foi assim que cheguei a quinta
série, aquele entra e sai de professores, matérias que custei a
entender... -- Moral e Cívica, Educação para o Lar e Inglês. Da
quinta a oitava série, convivi com os mesmos professores, de um ano
para o outro, por vezes algumas alteração, como a professora Eni,
que agora ensinava Português. A escola era relativamente pequena,
então conhecíamos todos os professores e alunos.
Estas são recordações da colação
de grau da oitava série, não tivemos festa de formatura, mas guardo
belas lembranças dessa ocasião.
Ao cursar o antigo Segundo Grau, fui
para uma Escola Normal de grande tradição aqui em Duque de Caxias.
O Instituto de Educação Governador Roberto Silveira que em 2012
comemorou seu cinquentenário. Foi uma doce época da minha vida, as
recordações estão mais nítidas dessa época. A aula inaugural com
o então diretor Israel Leite no auditório, dando as boas vindas e
já ditando as regras do que podia e do que não podia ser feito por
uma normalistas.
Cantávamos os Hinos Nacional e do
Instituto toda terça-feira, com o uniforme de gala usava gravata
borboleta e abutuaduras.
“...Roberto Silveira Grande celeiro
de cultura elevando esta terra altaneira de gigantes jovens
valentes...” Este é um trecho do refrão do hino do Instituto.
Didática, Metodologias, além de,
Psicologia, Sociologia e Filosofia sem contar nos estágios “um
capítulo a parte”, eram as matérias especificas do curso. Foram
três anos de muitos estudos, cinco estágios sendo um obrigatório
ser realizado no próprio IEGRS. Era unanime as opiniões sobre a
realização do estágio no Instituto, pois, as cobranças superavam
as necessidades, a estagiaria não poderia errar teria que realizar o
melhor estágio.
Em novembro de 2013, tive a honra e o
prazer de reencontrar um grande professor da época do Normal, o
ilustre Doutor Setembrino que tanto marcou ao ser orientador de
estágios. Na ocasião, comemorávamos o aniversário da FEBF e
relembrávamos os marcadores de páginas que ele próprio
distribuía, enquanto nos ensinava que a vida é feita de escolhas.
Ele afirmava que não eramos imaturas, no entanto, em certas ocasiões
fazíamos as escolhas equivocadas.
Obrigada por todos os ensinamento
mestre!
Me formei em dezembro de 1999,
durante a colação de grau não parava de chorar um segundo. Era a
realização de um sonho e o resultado de todo um esforço.
Quando estava me preparando para
entrar no Centro Esporte onde foi realizada a cerimônia de colação
de grau, fui chamada pela Professora Nely Madeira, orientadora de
estágio e recebi um convite para trabalhar em uma escolar. Fiquei
totalmente surpresa, jamais esperava receber aquele convite, foi a
resposta de que
eu havia sido a melhor aluna que eu
poderia ser e me dediquei o quanto eu pude.
O tempo passou, a vida me levou para outros caminhos, estudei moda trabalhei durante dez anos na área. Após esse tempo, resolvi estudar novamente, prestei vestibular, passei para Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Foi uma sensação de recompensa ao ver o meu nome na lista dos aprovados no vestibular, em fim eu faria a agraduação em uma faculdade de renome como a UERJ, e todas as horas de estudo se transformaram em lágrimas de felicidade plena.
O primeiro dia na FEBF foi
inesquecível, aula na Revoluti com o Mestre Henrique Sobreira.
Percebi em mim, o sentimento de admiração a cultura acumulada que
todo professor humildemente tenta compartilhar na tentativa de
tirar-nos das trevas. Os teóricos, pensadores e filósofos
citados por ele me dava a dimensão do tamanho do universo ao qual eu
desconhecia.
Ao longo destes três anos que aqui estou, tive a honra de participar de alguns eventos. Destaco os seminários que organizei juntamente com Edyanna Barreto e Maria Angélica Reis, tendo como orientador o professor Anibal na disciplina Perspectiva Histórica das Ideias e Práticas Pedagógicas. Na primeira ocasião o seminário tinha como tema os Jesuítas no Brasil e Suas Contribuições para a Educação. O segundo seminário tratava-se dos impactos da Revolução Francesa na Educação. Foram ótimas experiências!
Minha caminhada pela graduação
continua estou ao final do sexto período e este foi um pouquinho da
minha trajetória acadêmica.
Deixo aqui os meus agradecimentos a
professora Tatiane Chagas por ter me proporcionado a realização
deste trabalho, uma agradável viagem ao tempo que me fez relembrar
de fatos que estavam escondidinhos lá no fundo da memória de do
coração.
Ao professor Ivan Amaro pelas gratas experiências na construção deste blog. Aprendi a gostar desta ferramenta e espero fazer mais uso dela e transmitir a minha aprendizagem aos meus alunos.
Ao professor Ivan Amaro pelas gratas experiências na construção deste blog. Aprendi a gostar desta ferramenta e espero fazer mais uso dela e transmitir a minha aprendizagem aos meus alunos.
Sou grata também a toda minha
família,em especial minha querida e amada mãe, que me proporcionou
uma educação exemplar, e também contribuiu para que eu pudesse
conciliar o trabalho, estágio, casa e as tarefas da faculdade.
Pessoa a qual sou infinitamente grata pela compreensão, paciência e
carinho, que dedicou anos de sua vida em prol da minha formação.
Por um curto período desse 2013, experimentei o gosto amargo da
distância, foram os dias mais difíceis da minha existência, hoje
tenho a oportunidade de estar novamente desfrutando de sua companhia
e podendo dizer o quanto és importante para mim.
Um agradecimento em especial a José
Carlos Rodrigues Barbosa a quem carinhosamente chamo de “meu anjo”
pessoa a qual veio contribuir motivando-me na realização de todas
as tarefas. E generosamente compartilha seus conhecimentos e vivência
já que também é graduando da FEBF do curso de pedagogia e
contribui com suas observações e experiências, pois é possuidor
de um vasto conhecimento sendo um exímio leitor e pesquisador dos
assuntos que contemplam a área educacional. Sou grata pelo carinho e
paciência com que dedica a mim e almejo ser merecedora do seu eterno
amor.
Espero dar continuidade a este
trabalho podendo relatar minha trajetória na Pós-Graduação e
Mestrado ...
Cristiane, ficou excelente este texto! Muito bom poder registrar um pouco de nossa caminhada de formação... Parabéns!!
ResponderExcluirAbs
Ivan